Tenho um amigo de décadas que leva o maior jeito com bichos. Olhando bem, ninguém diria. É um tipo fortão, praticante de artes marciais, faixa preta, sempre sério. É careca, grande (ele lembra um armário), disciplinado e com cara de mau. Sorri pouco e fala menos ainda. Enfim: ninguém, absolutamente ninguém, olhando para ele, poderia desconfiar do quanto ele se derrete quando se depara com bichos. E os bichos por ele. Teve até um grande amor chamado Bibi. Era uma cocker spaniel de longas orelhas que deveria ser oficialmente o cachorro da família. Pois é, deveria. Mas Bibi nitidamente preferia o meu amigo e não havia santo que a fizesse se afastar dele. Assim, nas temporadas de verão, Bibi se recusava a ficar na praia se meu amigo também não ficasse, de sorte que ia e voltava com ele onde quer que fosse. Pulava para dentro do carro e pronto. Não havia meios de dissuadi-la a ficar. Mas não era só a Bibi. Meu amigo parece que possui um ímã que atrai a simpatia dos bichos, mesmo os fiéis companheiros dos seus amigos, invariavelmente, demonstram uma especial predileção por ele. Pois bem. Há alguns anos, arrumou uma namorada que tinha uma gata. Claro que não deu outra. Amora, uma gatinha preta, e meu amigo acabaram morando juntos, e nada me convence que o romance dele com a namorada humana deu muito certo também por conta da Amora. Depois da Amora, chegou a Nina, particolor, que ele chama de “fusilica”, porque não para um minuto. No início, houve ciumeira, pois Amora se recusava a aceitar a intrusa. Mas, com o tempo, tornaram-se boas companheiras. Nem preciso dizer que o meu amigo é idolatrado por ambas. E, até onde sei, continua gostando muito de bichos, e os bichos dele. Naturalmente. Quanto à humanidade em geral, tenho para mim que meu amigo é, quanto a isso, tão cético quanto eu.
Este foi o BLOG DO ALEX, que já não está mais entre nós. Durante muitos anos, postei aqui fotografias e contei um pouco da história do meu amado cachorrinho, companheiro querido, que fez muitos amigos em toda parte. Depois de um tempo de luto e recolhimento, voltei a escrever aqui, para falar de amigos bichos e das minhas eternas saudades.
domingo, 23 de junho de 2024
quarta-feira, 19 de junho de 2024
Adilson
Não posso deixar de contar aqui a história do Adilson. Aliás, só o nome e a elegância do gato já valem esta postagem. Pensem bem: Adilson! Soa bem, definitivamente. Adilson, até 2021 ou 22, morava na Zona Sul de Porto Alegre, em um condomínio, aliás, de ótimo nível. Bom, tem piscina, salão de festas, academia, essas coisas. O Adilson não apenas morava lá. Mais do que isso: ele era, simplesmente, o “dono” de um dos apartamentos.
Verdade! O apartamento teve vários moradores e até proprietários. As pessoas moravam e se mudavam, porém Adilson não. Ele continuava no imóvel. Os moradores podiam residir ali, mas deveriam “aceitar” a presença de Adilson naquele apartamento, garantindo sua alimentação e outras necessidades. E assim foi por anos! Adilson literalmente morava naquele apartamento, de onde saia bastante durante o dia, travando amistosas relações com todos os moradores do condomínio. Afinal, quando não chovia, passeava pelo estacionamento e, como muitos dos condôminos tinham carro, ele circulava por ali, sempre de bom humor, sempre simpático.
Quando não rondava o estacionamento, — ele adorava subir no capô dos veículos e tomar sol — Adilson costumava tirar uma soneca na parte externa do ar condicionado do seu apartamento, que possuía, aliás, uma passagem de entrada e saída exclusivamente dele, Adilson. À noite, quase sempre, recolhia-se. Eu tive a sorte de conhecer o Adilson e até de brincar com ele. Era manso, pacífico, simpático e, claro que sim, guloso. Não sei como não chegou a ser eleito síndico à época, tamanha sua popularidade. O tempo passou, porém, e operou mudanças. Adilson andou meio doente e, por conta disso, foi levado embora do condomínio, porque parece que precisava de assistência veterinária constante. Desde então, tive poucas noticias dele. Uma pena não morar mais lá. Um gato inesquecível.
Fotos de 2021, tiradas pelo Eduardo, um dos vizinhos do Adilson.
terça-feira, 18 de junho de 2024
"Çei"
segunda-feira, 17 de junho de 2024
Coisas da Vida
domingo, 16 de junho de 2024
Vizinhança
Um cachorrinho chamado Feio
Conheci o Feio há muitos anos e até já escrevi sobre ele em 2019. Jamais o esqueci. Sua triste história conta mais a história dos homens do que a história dos cães, alternando maldade e bondade. Quando o vi pela primeira vez fiquei encantada com a forma carinhosa com que ele buscava ficar perto de todos. Pude brincar com ele, acariciar seu pelo macio. Outros cães da casa o ajudavam muito, assim como as pessoas que lá o acolheram logo após sofrer verdadeiras atrocidades que o deixaram cego e sem uma patinha. Ainda assim, Feio não teme os homens. Ao contrário: aproxima-se deles com afeto. Vive em uma casa grande onde existe uma piscina. A princípio, temia-se que, por ser cego, Feio pudesse cair nela. Para surpresa de todos, os outros cachorros da casa imediatamente perceberam o risco e, acreditem, todos passaram a cuidar do Feio e a guiá-lo sempre que, com seu passo incerto, ele saia para o jardim e se aproximava da borda da piscina. Também era "cuidado" pelos outros cães na hora de comer e de beber água, pois era delicadamente conduzido até o prato e o bebedouro. Feio é, para mim, uma lembrança marcante. Sei que não está mais entre nós. Sei que sua vida foi muito triste desde o nascimento até sua acolhida. A partir de então, recebeu todo amor e cuidado. Hoje, tanto tempo depois, ainda penso nele e, sinceramente, ainda me vem à mente a forma carinhosa como chegou perto de mim e recebeu meus afagos e festejos. Apesar de tudo o que sofreu, ele ainda confiava em humanos. Penso que Feio talvez conhecesse a paz. Afinal, ele a distribuía e a inspirava onde quer que estivesse, apesar de tudo o que sofreu. Quem sabe?
quinta-feira, 13 de junho de 2024
Nanda
A Fuga: tensão e desespero em Porto Alegre.
quarta-feira, 12 de junho de 2024
Cida
terça-feira, 11 de junho de 2024
Dino
Dino é paulista. Acreditem! Um estrangeiro vivendo entre nós, gaúchos. Particularmente, acho que ele é muito bonitinho, como vocês podem ver nesta foto. Vive atualmente entre gaúchos modalidade "raiz". Conta-se que, a princípio, o relacionamento foi muito complicado, até porque eram três paulistas convivendo com duas gaúchas. A coisa complicou bastante. Contam que não faltaram episódios durante os quais houve sangue derramado. Todavia, atualmente, depois de dois óbitos (oficialmente nenhum deles ralacionado ao caso, diga-se) a harmonia parece já estar estabelecida, ainda que o Dino hesite às vezes em frequentar o mesmo ambiente que as gaúchas Nanda e Cida, agora suas irmãs. Falaremos delas por aqui também. Seja como for, o Dino, com seu lindo pelo dourado, é uma simpatia, embora reservado e discreto. Pudera, é paulista, se é que vocês me entendem.
domingo, 9 de junho de 2024
Quando o Amor Transcente o seu Objeto
Anos trancada em luto, eu só vim aqui poucas vezes, para falar de uma despedida eterna. Embora escrevesse quase nada, deixei de fazer postagens sobre outros temas ao longo desses seis longos anos sem Alex. Contudo, o amor talvez transcenda o seu objeto. Alex vive em cada cachorro que encontro por ruas e casas, nesse percurso que não faz muito sentido à vezes, e que se chama vida. Revendo tantas postagens e tantos vídeos inspirados por ele e pelos muitos amigos que deixou, decidi fazer novas postagens, sempre no contexto dessa estranha união que aproxima humanos e bichos, especialmente os cães, que nos ensinam tanto.
quarta-feira, 5 de junho de 2024
Melo, o Meliante do Arpoador
está habituado à ração, sabe se comportar no banho em pet shops e gosta de andar de carro. Além disso, estava castrado. Fosse um cão de rua e não saberia comportar-se com certa fidalguia. Seu olhar é doce e carinhoso. É muito humilde. Tem receio de homens apenas, e a imaginação leva a se pensar que pode ter sofrido agressões. Uma cicatriz no focinho até sugere isso. Uma vez acolhido provisoriamente em um lar, soube-se que ele, definitivamente, apronta sempre que fica sozinho em casa, como de fato aprontou. Cometeu não apenas as faltas toleráveis que consistiram em destruir chinelos e tapetes. Foi mais longe: conseguiu rasgar o estofamento de uma poltrona, justamente aquela na qual o dono da casa gosta de repousar. O degredo foi assim rapidamente decretado. E um novo lar foi providenciado para o Melo, que deverá, em breve, herdar um dos cobertores que pertenceu ao Alex. Coisas da vida, que por si mesma já é esperança de dias melhores para o Melo.
domingo, 2 de junho de 2024
Não esqueci de lembrar
Dia 12 não passou em branco. A saudade que sinto de você, meu Alex, permanece como pano de fundo. Vir aqui, olhar as fotografias, rever os vídeos, relembrar cada alegria, para depois voltar a essa tristeza de sempre, que para sempre vai ficar aqui comigo, sem você agora.
domingo, 12 de fevereiro de 2023
Alex, eternamente
E sempre a saudade. E sempre o meu amor por ti. Porque vives, amado, nessa tua infinita ausência, assim como vives em cada olhar canino, em cada festejo e em cada lembrança tua, agora e sempre, por todos os dias da minha vida.
sábado, 12 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Três anos sem Alex
Amor bem amado da minha vida, foste a maior lição, o maior aprendizado de humildade e dedicação que pude experimentar. O que me deste foi tanto. Infinitas alegrias que encheram aqueles dias da minha vida de gratas surpresas. Teu olhar sempre novo. Tua curiosidade. Teu carinho. Por mais que tenha sido dolorosa a tua perda, houve amor bastante para o resto de meus dias, ainda que tristemente iluminados pela tua saudade...
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
Dois anos
Eternamente.