Conheci o Feio há muitos anos e até já escrevi sobre ele em 2019. Jamais o esqueci. Sua triste história conta mais a história dos homens do que a história dos cães, alternando maldade e bondade. Quando o vi pela primeira vez fiquei encantada com a forma carinhosa com que ele buscava ficar perto de todos. Pude brincar com ele, acariciar seu pelo macio. Outros cães da casa o ajudavam muito, assim como as pessoas que lá o acolheram logo após sofrer verdadeiras atrocidades que o deixaram cego e sem uma patinha. Ainda assim, Feio não teme os homens. Ao contrário: aproxima-se deles com afeto. Vive em uma casa grande onde existe uma piscina. A princípio, temia-se que, por ser cego, Feio pudesse cair nela. Para surpresa de todos, os outros cachorros da casa imediatamente perceberam o risco e, acreditem, todos passaram a cuidar do Feio e a guiá-lo sempre que, com seu passo incerto, ele saia para o jardim e se aproximava da borda da piscina. Também era "cuidado" pelos outros cães na hora de comer e de beber água, pois era delicadamente conduzido até o prato e o bebedouro. Feio é, para mim, uma lembrança marcante. Sei que não está mais entre nós. Sei que sua vida foi muito triste desde o nascimento até sua acolhida. A partir de então, recebeu todo amor e cuidado. Hoje, tanto tempo depois, ainda penso nele e, sinceramente, ainda me vem à mente a forma carinhosa como chegou perto de mim e recebeu meus afagos e festejos. Apesar de tudo o que sofreu, ele ainda confiava em humanos. Penso que Feio talvez conhecesse a paz. Afinal, ele a distribuía e a inspirava onde quer que estivesse, apesar de tudo o que sofreu. Quem sabe?
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